segunda-feira, 29 de março de 2010

Always Love

Sentei na varanda, sem nada, sem companhia, um livro, celular ou o que quer que seja. Minha mente estava vazia, não pensava em nada. Eu só precisava de... nada. Não precisava de nada. A música que tocava no ambiente parecia me fazer flutuar no ritmo dela. Queria um cigarro, mas não tinha nenhum por perto. assustei-me ao ouvir uma voz de trás de mim.
- Ei, o que faz ai sozinho?
Não respondi, não conseguia pensar em nada. Aquele rosto que de tão desconhecido parecia que já amava há séculos. Logo eu, que tanto temia depender desta maneira de alguém, e fingia não acreditar no amor.
Mas tanto eu como você sabemos que ele existe. E que podemos nos deparar com ele a qualquer momento.
O silêncio começou a ficar pesado, me virei para olhar para ela que estava sorrindo, sem conseguir me conter dei uma gargalhada.
- Você fumou alguma coisa?
O seu rosto era divertido, e me recusei a responder. Ela se sentou numa cadeira branca mas logo se levantou para sentar ao meu lado na pequena mureta ficando com os pés balançando no ar, reparei na sombra de nossas silhuetas alongadas na parede e ri novamente. Era impossível não amá-la, eu amava cada centímetro do seu corpo.
- A paisagem é... bonita... inspiradora.
- Não sabia que é bem o seu gênero observar paisagens.
- Tem muitas coisas que você ainda não sabe.
- Ah é, tipo o que? Ter uma festa lá em embaixo com todos seus amigos e você preferir ficar aqui?
Aquele rosto me encantava de tal forma que eu não conseguia formular uma frase com algum sentido. O que ela dizia por mais sério que fosse vinha acompanhado de um sorriso, desses que os olhos sorriem junto, quase se fechando.
Quando ela me tocava sentia como se fosse desmoronar e cada célula do meu corpo se contraia e a amava ainda mais.
- Oh, meu Deus! - eu praticamente gritei.
- O que foi?
- Eu... Você... tem um sorriso bonito.
- E você é um bobo.
Parou por um segundo e me disse que a paisagem era realmente muito bonita.
Ficamos conversando ali por um longo tempo, era como se o mundo tivesse parado de girar naquele tempo. Sua voz era o som que eu queria ouvir para o resto da vida, os seus olhos que procuram uma resposta no fundo dos meus, um tempo que não se paga, que não se apaga. Só nós, ali. Eu poderia viver assim para sempre. É incrível como fico quando estou apaixonado, rapidamente caio nos piores clichês.
E naquele instante, eu sabia, que ela me amou.
Nós nos amamos. E eu percebi o que eu queria. E o que eu mais queria era ela, para sempre. Pela segunda vez nos beijamos. Não como a primeira vez, naquele beijo haviam promessas, havia esperança, havia arrependimento de ter beijado qualquer outra pessoa que não fosse o outro antes.
E eu sabia que dessa vez, seria para sempre.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Dark Density

A cada dia um lugar diferente, mas nada muda, esse medo horrendo acumulado dentro de mim, nessa eterna escuridão.
Tudo muda, os lugares, as pessoas, as situações. Mas tudo é sempre tão igual.
Mais uma lança fincada no meu peito para a minha coleção. Cada vez mais difícil de suportar a dor, eu não sei se vou conseguir. Já não tenho mais motivos para continuar a lutar.
A noite vem, a chuva cai e eu me encontro aqui novamente estagnada, sem reação, sem me mover, sem pensar. A única coisa que sinto é essa dor, que sempre foi minha fiel companheira.
A chama do meu isqueiro é bela e me faz lembrar você.
As grandes doses de álcool ingeridas já não me tiram mais da realidade desse pesadelo.
Sem perceber pego um pedaço de papel rasgado e uma caneta já quase sem tinta e entre vários riscos sem sentido consigo decifrar meu inconsciente.
O telefone não para de tocar, será que alguém realmente se importa comigo, ou estão apenas avisando que caso não seja paga as parcelas atrasadas será cortado?
Nada me importa, sinto inveja disso que tomou conta de mim, que destruiu tudo o que um dia senti, e ainda sentiria.
Me olho no espelho e não me reconheço, não sei quem sou, não sei se sou.
Vou para o meu refúgio, para minha escuridão. Sem perceber me rastejo e me encolho aqui, talvez atrás dessa porta ninguém me encontre, não sei mais o que é dormir, apenas me desligo.
Sinto uma imensa vontade de chorar, mas não consigo deixar uma lágrima sequer escorrer, e isso causa uma agonia fora do normal.
Meu coração acelera, mas algo o congelou, ele não poderá me ajudar. Apenas uma pessoa poderia. Mas ela não quis, foi ai que eu vi que a solidão, por bem ou por mal, é a única que está comigo.
Será que ainda tenho salvação?