sábado, 17 de abril de 2010

To Dawn

As vezes quando paramos para pensar na vida o que mais dói é perceber que nada do que fiz até hoje valeu realmente a pena. As atitudes tomadas e as não tomadas, trouxeram sempre as piores conseqüências, como resultado disso é o que eu me tornei hoje.
Como prova disso tenho apenas as paredes desta casa. São elas que me conhecer melhor do que ninguém, me viram crescer, me viram subir tão alto, e depois viram a minha queda.
Quando criança costumava pintalas e me pergunto se elas já sabiam o que eu me tornaria. Tinha uma bela família, uma família perfeita para mim, mas elas sabiam que não era assim. Elas presenciaram o fim do amor dos meus pais tragicamente, e a ida deles. Depois disso, só o que viram foi a mim, o que eu ia me tornando a cada dia, traçando o caminho para o meu próprio fim.
Ela viu quando eu deixei de acreditar em tudo que um dia foi real para mim, ela me viu desacreditar do amor, da felicidade... do meu próprio eu. Olhava sempre calada os meus amores que iam sempre embora quando o dia amanhecia; as promessas feitas durante a noite sendo quebradas por ambas as partes pela manhã. E ela estava lá para ver o que eu me tornava quando estava apenas com ela.
Guardava nelas minhas máscaras, uma para cada situação. A minha própria face não podia mostrar. Não queria mostrar o meu sofrimento, guardava as minhas lágrimas para derramar sobre o travesseiro. A cada noite esperava algo que pudesse me tornar uma pessoa melhor, mas ninguém conseguia... ninguém.
Meu coração hoje se compara a um cubo de gelo, um dia ele serviu para algo além de me manter viva.
Hoje tenho as paredes que tanto odeio por serem minhas fiéis companheiras entediantes, faço de tudo para conseguir fechar os olhos por um instante e conseguir sair dessa realidade e imaginar algo além delas para me rodear e me proteger.
Eu sei que elas também não acreditam mais no amor. Ela presenciou o fim de vários e teve como conclusão que todos tem um fim, tudo tem um fim, o pra sempre um dia acaba.
Mas por ironia do destino, ou não, ela me mostrou algo que escrevi ainda criança, - exceção - eu ainda posso encontrar a exceção eu quero ser a exceção, eu quero provar para todos que o amor ainda pode ser eterno. Descobri com isso algo que desaprendi no decorrer dos anos, a ter esperança, o único sentimento que agora estava vivo em mim.
Não vou desistir, saio todos os dias em busca da minha exceção, tem que estar em algum lugar, tem que existir, e quando eu encontrar vou mostrar as minhas companheiras que não preciso ter um final trágico também. E nós iremos compartilhar um futuro, e esquecerei o meu passado que tanto me assombra.
Vou encontrar o amor que não acabe ao amanhecer, mas que acorde mais forte, mais quente e mais brilhante do que no dia anterior.

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