sábado, 29 de maio de 2010

Razor

Cada corte uma lembrança, cada cicatriz uma dor que ainda não foi esquecida, as feridas ainda abertas ardem como se jogassem álcool nelas. A dor da navalha passando por ela era grande, mas não ultrapassava a dor que sentia em seu coração.
A dor de saber que um dia pudera ter ao seu lado quem mais amou, de ser a sua prioridade, ter o privilégio de guardar o seu coração. Talvez por infantilidade, ou até por alguma forma de auto proteção, não demonstrara o que sentira realmente. Fazia-se de forte e independente, enquanto estava totalmente dependente daquele que estava ao seu lado.
O tempo passou, e ela se viu sozinha, tão sozinha como nunca se sentira antes. Ele a abandonou, a trocou. Não que o culpasse, se a culpa tiver que existir seria totalmente dela. E era isso que fazia, se culpava, todos os dias, todos os instantes por ter deixado ir aquele que tinha curado as suas feridas e que as fizeram sem significado.
Agora abertas novamente, ainda piores do que antes, pois ela sabia que não viria mais ninguém para cuidar delas. E, certamente não veio.

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